Artigo escrito por John Swarthout, Scientific Outreach and Issues Management Lead.
Todos nós temos momentos decisivos em nossas vidas em que percebemos o que queremos fazer ou nos tornar. Para mim, esse momento aconteceu na aula de Biologia da Miss Pope, onde eu me vi entusiasmado com a ciência. Somos humanos, somos movidos pela nossa curiosidade e desejo em descobrir como as coisas funcionam. O método científico nos ajuda a compreender nossas dúvidas e esse foi um dos tópicos que conversamos naquele semestre. Esse é um processo que inclui fazer perguntas (hipóteses), realizar experimentos para testar essas perguntas, gerar dados e interpretar os resultados.
Além disso, a revisão por pares (peer review) é essencial, pois ela garante que os artigos publicados em revistas científicas façam perguntas científicas significativas e cheguem a conclusões apropriadas com base em experimentação bem executada. Essencialmente, a revisão por pares atua como um passo de controle para evitar que a ciência de baixa qualidade (ciência mal feita) chegue à comunidade científica e, finalmente, ao público em geral. É uma parte crítica do processo científico, pois o conhecimento científico é cumulativo e se baseia em si mesmo. Isso significa que novas informações passam a fazer parte do banco de dados científico para serem divulgadas por meio de citações subsequentes. A revisão por pares diminui a probabilidade de que informações incorretas sejam registradas como fontes científicas confiáveis.
Portanto, se todas as etapas do método científico forem seguidas e houver uma revisão por pares adequada, poderemos ter uma certa confiança de que a ciência foi bem feita.
Em um mundo onde as publicações são rapidamente amplificadas pela mídia social, é mais crítico do que nunca que a ciência seja bem feita antes da publicação.
John Swarthout, Scientific Outreach and Issues Management Lead
Para manter a credibilidade de cientistas e garantir a precisão e a reprodutibilidade de nossos dados/relatórios, a Bayer possui uma camada adicional de revisão científica. Todo artigo científico que escrevemos passa por uma extensa revisão por pares interna seguida por uma revisão por pares externa na revista à qual foi submetido antes da publicação.
Da mesma forma, também revisamos publicações externas sobre nossos produtos e tecnologias. Na verdade, seria negligente da nossa parte se não revisássemos a literatura. Há uma série de razões pelas quais fazemos isso. Uma razão é que, se houver uma nova descoberta confiável, por meio de literatura científica, por exemplo, sugerindo potenciais efeitos adversos de um de nossos produtos, somos obrigados por lei a reportá-la às agências regulatórias globais apropriadas. Além disso, nossos produtos comerciais químicos e de biotecnologia são rotineiramente revisados por autoridades globais (por exemplo, EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, do inglês, Environmental Protection Agency) e EFSA (Autoridade Europeia para Segurança Alimentar, do inglês, European Food Safety Authorit)). Como parte de sua revisão, os reguladores examinam minuciosamente todos os artigos científicos recentemente publicados relacionados aos nossos produtos. Eles baseiam sua reavaliação em todo o conjunto de dados que analisam. Por essa e outras razões, fazemos um esforço significativo para acompanhar as publicações na literatura científica.
Nossa revisão de publicações externas não visa encontrar falhas, embora possam ser identificadas por nossos especialistas no assunto. Pelo contrário, o objetivo é avançar nossa própria compreensão da ciência relativa aos nossos produtos. Às vezes, um estudo apresenta uma nova descoberta ou aborda uma questão interessante que possibilita novos projetos de pesquisa de outros cientistas para responder a essa pergunta. Este é outro componente do método científico: validação de uma descoberta científica por outros cientistas, reproduzindo o estudo.
Somente através da colaboração se pode chegar a um consenso científico. Isso é ciência bem feita!
John Swarthout, Scientific Outreach and Issues Management Lead
Por exemplo, foi publicado um estudo que sugeria uma regulação “cross- kingdom”: um micro RNAi de planta1 (um sistema de regulação de genes) regulando a expressão de genes em mamíferos. Esse artigo recebeu muita atenção no mundo científico, bem como na imprensa. Imagine, um sistema de regulação de genes de planta capaz de direcionar como nossos genes são expressos simplesmente por nos alimentarmos dela. Isso seria incrível, se fosse verdade.
1 Zhang L, Hou D, Chen X, Li D, Zhu L, et al. (2012) Exogenous plant MIR168a specifically targets mammalian LDLRAP1: evidence of cross-kingdom regulation by microRNA. Cell Res 22: 107-126.
O estudo descobriu que os camundongos alimentados com uma dieta baseada em arroz apresentaram uma redução de lipoproteínas de baixa densidade (LDL, do inglês, low-density lipoproteins), o tipo “ruim” de colesterol, e isso foi atribuído a um micro RNAi de planta. Esta foi uma descoberta nova e desconcertante, na medida em que era completamente contrária à ciência estabelecida há muito tempo, levantando uma possível preocupação com a segurança alimentar. Cientistas da Bayer e cientistas externos colaboraram para reproduzir o estudo acrescentando um grupo de tratamento adicional: uma dieta de arroz com adição de proteína. Quando uma dieta só de arroz foi fornecida aos ratos, uma resposta semelhante foi observada (redução de LDL). No entanto, no grupo de tratamento adicional (dieta de arroz com adição de proteína), o efeito do LDL desapareceu. Esta foi uma descoberta muito importante porque o estudo demonstrou que o efeito do LDL foi o resultado de uma dieta desequilibrada (pobre em proteínas) e não devido a uma regulação genética mediada por plantas. Se fosse um evento de regulação genética, a proteína adicional não teria afetado os resultados.
Desde então, os cientistas da Bayer são autores ou coautores de seis estudos de acompanhamento que foram publicados como resultado do artigo original 1 2 3 4 5 6. Pesquisas como essa são caras. No entanto, acompanhar o trabalho de outros cientistas faz parte do método científico, além de ser essencial para entender nossos produtos.
De tempos em tempos, nossos cientistas fornecerão nossa perspectiva em relação a questões complexas relacionadas à agricultura, bem como nossa opinião sobre novos estudos científicos que podem ter chamado sua atenção nas mídias sociais ou mesmo nas notícias. Essa avaliação objetiva é muito importante para nós e deve ser para você também. Essa revisão contínua é a única maneira pela qual nós, incluindo você, podemos ter a certeza de que se trata de uma ciência bem feita.
1 Dickinson B, Zhang Y, Petrick JS, Heck G, Ivashuta S, et al. (2013) Lack of detectable oral bioavailability of plant microRNAs after feeding in mice. Nat Biotechnol 31: 965-967.
2 Frizzi A, Zhang Y, Kao J, Hagen C, Huang S (2014) Small RNA profiles from virus-infected fresh market vegetables. J Agric Food Chem 62: 12067-12074.
3 Jensen PD, Zhang Y, Wiggins BE, Petrick JS, Zhu J, et al. (2013) Computational sequence analysis of predicted long dsRNA transcriptomes of major crops reveals sequence complementarity with human genes. GM Crops Food 4: 90-97.
4 Petrick JS, Brower-Toland B, Jackson AL, Kier LD (2013) Safety assessment of food and feed from biotechnology-derived crops employing RNA-mediated gene regulation to achieve desired traits: a scientific review. Regul Toxicol Pharmacol 66: 167-176.
5 Petrick JS, Moore WM, Heydens WF, Koch MS, Sherman JH, et al. (2015) A 28-day oral toxicity evaluation of small interfering RNAs and a long double-stranded RNA targeting vacuolar ATPase in mice. Regul Toxicol Pharmacol 71: 8-23.
6 Zhang Y, Wiggins BE, Lawrence C, Petrick J, Ivashuta S, et al. (2012) Analysis of plant-derived miRNAs in animal small RNA datasets. BMC Genomics 13: 381.